Fim de casamento, rescaldo da derrota, o velho lobo solitário lambia as feridas, não vendo a hora de acabarem os dias frios de inverno e um vizinho, notando que apesar da roupa de super-homem bem recortada, a cara denotava a perda - chamou um amigo médium para um "passe". - Se não fizer bem, mal também não faz - observou o meu vizinho. Topei. Na casa dele, defronte a minha, nos reunimos em círculo na sala. O médium incorporou a entidade e começo a consultar com o pessoal. Na minha vez, ele pergontou o que eu queria. Respondi que só queria proteção. Então ele me deu uma tarefa. "-Você vai na igreja de Santo Antônio na primeira missa do domingo. Entra na igreja e chama pelo meu nome três vezes."
Bem, no domingo eu queria mais era ficar na cama, mas alguma coisa me disse que eu devia arriscar bancar o idiota, mas fazer o que me fora recomendado. Fui até a igreja, que por sinal estava lotada e chamei o vento três vezes. Bem, fiz a minha parte e voltei para casa.
Três anos depois, conheci uma garota no Rio, com a qual eu quis me casar, mas não deu certo. Ela me deu o fora no dia 31 de março. Voltei para São Paulo desconsolado. No dia seguinte, uma segunda-feira, fui demitido no trabalho. Fui para casa, desliguei o telefone, tranquei a porta e permaneci incomunicável por 8 meses. Não atendia a porta. Coloquei um aviso: "É importante? Bata." e as pessoas, é claro, batiam se achavam o assunto importante. Aí troquei o aviso por: "Agora não!" Cheguei a ficar 17 dias sem abrir a porta da frente. E quando saía, era só para comprar alimentos ou ir ao banco. Depois de todo esse tempo, acabou o dinheiro, o telefone foi cortado, comecei a passar fome. Um dia, saí de casa, fui a um orelhão e no terceiro telefonema, já estava empregado. Mas só Deus sabe o que eu passei. Não foi fácil. Então, aos poucos, coloquei minha vida novamente em dia.
Passado um certo tempo, recebo a notícia. Outono bem definido, próximo do inverno, mar em plena ressaca, o vento derrubou uma enorme árvore bem na fachada da casa da minha ex, com um estrago considerável. Até aí morreu neves, mas logo recebo outra notícia: o vento havia derrubado também, logo depois, com também grande prejuízo, outra árvore na parte de trás da casa. Baita coincidência. O vento muda de trajeto, inverte por vezes, não é assim? Mas eu dei uma clareada na memória um tanto quando forçosa, quando soube que a mulher do irmão da minha ex, uma pessoa pela qual eu não alimentava muita simpatia, foi chamar o filho, que brincava no pier, para o almoço e o vento arrancou uma banca de jornais do chão jogando por sobre ela. Quebrou a bacia, esteve internada por muito tempo e tem sequelas até hoje. Tento não ligar os assuntos, mas isso de vez em quando acaba acontecendo e me sinto um tanto constrangido, porque não me considero um tipo que possa desejar mal às pessoas nem por brincadeira. Mas essas histórias, por vezes, me colocam pensativo.
domingo, 12 de julho de 2009
O VENTO
Marcadores:
brisa,
entidade,
espiritismo,
espírito,
médium,
mediunidade,
pai de santo,
proteção,
tempestade,
umbanda,
vento
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Caramba!
Postar um comentário